sábado, 4 de abril de 2009

Porque a gente gargalha depois do susto

- hahahahahahahahahaha
- hahahahahahahahahahahahahahaha
- hahahahahahahahahahahahahaha
- ...
- ...
- ...
- mmfff, snif, snif, BUÁÁÁÁÁÁÁ
- Não, não. Fica calma, não chora, já passou.
- É, não precisa chorar, eles já foram embora e não aconteceu nada com a gente!
- Mas é que eu me assustei, eu tô nervosa...

Zoológico, piquenique, circo, Mc Donalds. O dia começou às 11h e era quase 22h. As crianças estavam felizes. Estávamos cansadas. Já tínhamos nos perdido na ida e seguíamos uma amiga para achar o caminho de volta. Zona Leste desconhecida. Já tinham lavado o pára-brisa do carro duas vezes sem que a gente quisesse. O ar-condicionado quebrou e fazia uns 30 graus lá fora. O vidro estava aberto. Estávamos cansadas. Três adultas, três crianças.


Eles chegaram gritando, deviam ter uns 12 anos. “Perdeu, perdeu”. Um deles tinha uma arma e foi para o lado da minha amiga. O outro usava uma camiseta branca e um boné. Esse parou na minha janela. “Me dá o celular”, “Eu vou atirar”. Ela, desesperada, tentou fechar o vidro, tentou andar com o carro. Num segundo, pensei: “meu celular tá no bolso da blusa, minha bolsa tá escondida atrás do meu pé, ele não viu nada, não tenho o que entregar”. Ele enfiou a mão dentro do carro, pegou um desses jornais que distribuem no farol. Procurei alguma coisa e entreguei uma caixinha de fósforo. “Não tenho nada!”. Ela, no desespero, ainda abriu a bolsa na frente do menino armado, procurou alguma coisa e entregou um perfume que ganhou da sogra. Um jornal, uma caixinha de fósforo, um perfume. O farol abriu, os dois saíram correndo.

Tudo isso deve ter durado um minuto, no máximo. Eles pareciam nervosos, inexperientes. Coincidentemente, nós duas deduzimos que a arma era de brinquedo. Ela, com o “brinquedo” apontado em sua direção. Pura dedução e um grande erro. Nessas horas, dane-se o celular, a carteira, a bolsa. Entregue tudo. Mas é difícil controlar a cabeça e tomar decisões em momentos como esse. Ainda mais com a responsabilidade do cuidado com três crianças. Mas foi como conseguimos agir... em um minuto.

- Mãe, por que você deu risada?
- Sabe quando o seu pai te dá um susto? Na hora você tem medo, mas depois solta aquela gargalhada gostosa, não é?
- É, mãe. Então posso cantar uma música? “Se você está contente bata palmas...”

31/01/2009

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