sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Frase do dia

E não sabia se era problema ou solução. Mas era problema, a solução foi inusitada.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A Paixão Nacional


Eu sou um pouco suspeita pra falar, já que sou apaixonada por futebol desde criança. O que podia ser estranho para uma menina, na época, mas hoje é mito, todo mundo (ou quase) é apaixonado por esse esporte.

Ver 11 homens correndo atrás de uma bola com o objetivo de chuta-la num quadrado pode parecer um tanto quanto entediante, mas quando envolve o time do peito, do coração, a coisa muda de figura. São 11 homens que estão defendendo a história de um clube, que estão fazendo parte da sua história.

Quando eu estava no colégio, no primário e no comecinho do ginásio, os meninos da escola subiam pra quadra só pra jogar “borrão”, que é basicamente pegar uma bola de futebol, na verdade uma de borracha que dá pra colocar mais força, e chutar em quem estivesse na frente, quem levasse bolada saia. Uma queimada um pouco mais agressiva e com os pés. Nem preciso dizer que eu era a única menina que adorava esse jogo! Minhas amigas ficavam do lado de fora da quadra só assistindo, inconformadas com a minha vontade de jogar aquilo. Mas era extremamente divertido.

Jogar futebol eu nunca fui muito boa, tendo em vista que sou bailarina desde os 6 anos de idade. A bola vinha perto de mim e eu levantava a perna na orelha para pega-la, o que é errado, já que pode-se usar a cabeça e o peito. E minha corrida também é um pouco dançada, digamos assim, corro na ponta dos pés, e com os braços armados, como me ensinaram a correr em cima de um palco. Mas isso nunca me impediu de me enfiar em jogos por aí, claro, sempre que tinha um bom samaritano para me defender, porque mulher em jogo de homens só atrapalha.

Futebol é quase um evento, seja no estádio, pra sentir a emoção das torcidas, os gritos, o incentivo, as músicas, a garra dos jogadores ali, tão pertinho. Seja em algum barzinho, tomando cerveja e comendo um petisco, ouvindo as outras mesas comentarem o jogo, as torcidas se dividirem.

Eu tive o privilégio de trabalhar com futebol, e pude pisar no gramado, enquanto a torcida do meu time gritava o nome de um dos maiores craques da época. É uma sensação indescritível, fiquei arrepiada dos pés à cabeça, e lógico, chorei! Quem apenas gosta de futebol, ou ouve falar de vez em quando, nem imagina que quase todos os dias da semana tem algo acontecendo na cidade e no país relacionado com o esporte.

Futebol é uma paixão nacional tão grande, que todo mundo tem dentro de si um comentarista, um técnico, um preparador físico e um jogador enrustido. Quem gosta de futebol mesmo sabe todos os títulos que o time do peito já ganhou, todos os campeonatos que perdeu, que participou ou deixou de participar, diretores, jogadores, de cada ano e de cada conquista.

Torcer é muito bom! Vibrar, ganhar e até perder com o time é algo inexplicável, e só quem gosta mesmo entende do que eu to falando.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Frase do dia

O que passou calou, o que virá dirá.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Meu personal astrólogo

Em 2003 eu trabalhava na Revista Pão de Açúcar quando recebi a missão de entrevistar o Oscar Quiroga. Eu sempre gostei de astrologia e quem me conhece sabe que sou intensamente libriana.

A entrevista era para uma seção da revista que fazia uma análise do carrinho de compras de alguém famoso. Um tanto difícil de conseguir personagens bacanas, mas até que saiu gente legal como o Du Moscovis, o Raí e o próprio Quiroga.

Como marcamos a conversa para o mesmo dia de produção das fotos, tivemos alguns minutos de conversa descontraída e tive a grande oportunidade de tirar algumas dúvidas com ele como, por exemplo, se horóscopo diário funciona e tal. Ele me explicou que se feito com seriedade, até horóscopo de jornal por funcionar sim. Bom, eu fiquei extremamente convencida e passei a todos os dias consultar meu horóscopo em
seu site, que é também publicado no O Estado de São Paulo. Viciei mesmo, chego no trabalho, abro e-mail, MSN e checo o que tem no meu signo.

O que eu mais gosto é que não são previsões do tipo “cuidado com conflitos no trabalho” ou “hoje você estará aberta a um novo amor”. O cara puxa a orelha mesmo, dá conselhos, provoca com assuntos delicados e parece entender a personalidade das pessoas de cada signo.

A cada dia que passa aumenta a minha sensação de que o Quiroga me conhece e escreve o texto de libra para mim. A Vicky e a Fê estão de prova, porque eu sempre mostro para elas o tamanho da coincidência.

O cara é foda, vale a pena entrar no
site dele!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

A gente tem medo da Branca de Neve!

Não, a gente não tem medo da coitada da Branca, a gente tem medo é da história de vida dela.

Já reparou que os contos de fadas antigos são um tanto macabros? É sempre uma bruxa má que joga encantos terríveis em princesinhas inofensivas. Uma recebeu um feitiço logo que nasceu e só porque era um pouco malandrinha e foi mexer na roca proibida, furou o dedo e dormiu por anos; a outra perdeu a mãe, depois o pai e passou a trabalhar como escrava para a madrasta e suas meio-irmãs, sem direito de curtir as festas do reino; a chapeuzinho teve que enfrentar um lobo que queria comer sua avó; outra ficou aprisionada numa torre tanto tempo que seus cabelos crescem a ponto de virarem uma corda hiper resistente; e assim vai.

Mas, para nós, a mais assustadora de todas é a história da Branca de Neve, princesa de cabelos negros como a noite, pele branca como a neve e lábios vermelhos como o sangue. Falando assim, parece realmente um conto de fadas fofo, mas...

A história começa com a morte da mãe de Branca. A menina que fica aos cuidados do pai, o Rei, que acaba se casando de novo. Algum tempo depois, ele também morre e a ambiciosa madrasta toma conta do reino. Vaidosa também, ela tem um espelho falante que lhe diz sempre que ela é a mulher mais bela do reino. Certo dia o espelho, percebendo que Branca de Neve estava se tornando uma mulher linda, diz à madrasta que ela não é a mais bela e sim sua enteada. É claro que a Rainha não gosta da idéia, assim como não gosta da menina, e fica enfurecida. Para se vingar, bola um plano macabro: manda um caçador levar Branca até a floresta e lá matá-la, arrancar seu coração e levá-lo para a Rainha em uma caixinha. Pavor, muito pavor.

Para o bem da nossa saúde, as coisas dão uma melhorada. O caçador sai atrás da princesa na floresta, mas não tem coragem de executá-la, deixando-a fugir. Em seu lugar, mata um animal e coloca o coração dentro da caixa. Branca, lógico, sai desesperada pela floresta, perdida, sozinha, abandonada, traída, com medo. E então se depara com uma micro casa. Sem escolha, invade a casinha e dorme por lá. Eis que de manhã aparecem sete anões muito esquisitos: Mestre, Zangado, Dengoso, Soneca, Feliz, Atchim, Dunga. Eles se assuntam, ela se assusta e ninguém se entende. A principio, eles não queriam abrigar a pobre menina, mas se rendem e acabam virando amigos. E quando Branca acha que pode respirar aliviada e seguir sua vidinha longe das maldades da madrasta, uma velhinha simpática surge em sua porta. Mas não, não é uma velhinha simpática, é a madrasta de novo, depois de descobrir a mentira do caçador. Ela envenena algumas maçãs e sai pela floresta atrás de Branca de Neve. Quando a encontra, oferece uma suculenta e vermelha maçã para a princesa, que, ingênua, come, se delicia e padece. O feitiço faz com que Branca durma pela eternidade até que seu príncipe encantado, que tinha um amor verdadeiro por ela (como se isso fosse possível à primeira vista), aparece e a beije. Bom, é um conto de fadas, então é claro que tem final feliz.

Mas para pra pensar friamente, esse conto é horrível! Só acontecem coisas ruins com a Branca. Ela é órfã de pai e mãe. Tem uma madrasta terrível que quer matá-la, se perde na floresta, encontra com anões, come uma maçã envenenada oferecida por uma bruxa horrorosa, jesuscristo! A parte “feliz” da história se dá quando o príncipe chega, o que na nossa opinião é totalmente machista. Pô, a coitada foi infeliz a história inteira e quando aparece um homem é que as coisas se resolvem? Sabemos muito bem que um mero beijinho de um príncipe supostamente encantado não é capaz de curar todos esses traumas!

Mas o mais arrepiante: imagine-se contando a história desse jeito para uma menininha de 6 anos... Medo!

É, a gente conheceu pessoalmente a Branca de Neve...

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Why so serious? O Heath, o Batman e os clowns...

Passada a emoção de encontrar “O” homem na terça-feira passada, agora temos fôlego para falar do Batman – O Cavalheiro das Trevas.

Esse com certeza é um dos melhores filmes da série, se não for o melhor. Eles conseguiram mostrar o lado humano do herói. Na verdade, é justamente o posto de herói que é colocado em xeque. E aquele incômodo clássico que normalmente sinto em filmes com um “quê” de impossível praticamente não apareceu. Rapidinho, eu já estava acostumada a ver um cara vestido de morcego chegando para tentar salvar as pessoas do crime.

Crime. É aí que está o melhor do filme. Trouxeram de volta o maior inimigo do homem-morcego, o Coringa!, na pele do delicia do Heath Ledger. O cowboy de Brokeback Mountain - ou melhor, o gostoso de 10 Coisas que Eu Odeio em Você. Esse representou no filme, no sentido literal e abstrato da palavra. O filme é bom, sim, mas a atuação de Ledger fez a gente ficar de boca aberta, sem vontade até de piscar para não perder nem um minuto de sua atuação. Conseguiu superar o até então insuperável neste papel, Jack Nicholson. O Joker atual é mais sombrio, mais macabro e certamente mais violento, mas sem perder as brincadeiras, e a gargalhada. Suas piadas fazem rir, mas não são só engraçadas, são pesadas. E ele enfrenta o mundo sozinho, sem dó. Como diz Alfred, o mordomo do Batman, “tem gente que não tem um objetivo, quer apenas ver o circo pegar fogo”.

Esse Batman traz a sensação de que todos somos capazes de ser heróis ou vilões, retrata que todos temos o lado humano e o lado sombrio, que pode se revelar a qualquer momento. Hoje a gente sabe que de um jeito ou de outro é possível ter “poderes” como os do Batman (como controlar os sinais de celular de toda uma cidade). Assim como as dúvidas que o cercam. Do mesmo jeito, a violência gratuita do Coringa. Até no vilão Duas Caras predomina seu lado humano, que justifica seu ódio e desejo de vingança.


Mas, como não podia deixar de ser, agora que fizemos uma crítica bonitinha, vamos a esculhambação:

- O Batman, grande homem-morcego musculoso, com sua roupa linda e tecnológica, chamou nossa atenção por outro motivo: sua voz! O que fizeram com a voz do Batman peloamordejesuscristo?! O homem é rouco, com aquela impressão de que precisa soltar um catarrinho, o famoso bichinho do “rarhã”, o tempo todo. Sem contar que ele tem a língua presa, muito presa! Parece primo do Chip Douglas, personagem de Jim Carey em um de seus piores filmes, O Pentelho.


- O Heath Ledger é lindo, mesmo maquiado com aquele sorrisinho do Coringa. E mandou muito bem no filme. Triste triste sua morte...



- E a mais importante de todas as conclusões: O Joker é o líder dos clowns. Prontofalamos, quem entendeu a piada interna, entendeu. Rá.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Frase do dia

Não há o que lamentar quando chega o fim dia...

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Ô lá em casa

Ontem combinei de ir ao cinema com a Fê, para assistir “Batman”. Estávamos ansiosíssimas para ver o Coringa, ou melhor, a tão falada atuação do gatíssimo Heath Ledger.

A Fê vinha de Alphaville e eu do trabalho, então marcamos de nos encontrar em frente ao cinema do Shopping Iguatemi. Eu quase nunca piso naquele shopping e me perdi um pouco até achar o caminho do cinema; já passava das 20h45 e a sessão começava às 21h. Eis que de repente vejo um burburinho, drinks rolando num espaço cheio de VIPs e fotógrafos. Como não podia deixar de ser, dei uma paradinha para ver quem estava sendo fotografado. Quem me conhece sabe que eu adouro um burburinho vip, assim como espiar famosos. Dei aquela esticada básica no pescoço e tive a visão do paraíso. Primeiro, achei que era um homem bonito qualquer posando para as lentes do fotógrafo. Mas não, minha gente, era muito mais do que um homem bonito, era O homem bonito. Era Rodrigo Santoro.

Não tive dúvidas, saquei o telefone e liguei pra Fê. “Meu, eu estou de frente pro Rodrigão, Fernanda!”. Como acontece sempre, porque a nossa conexão é forte, ela estava a poucos metros de mim e veio correndo contemplar também aquele ser maravilhoso, alto, sorridente, vestido de camisa preta, bronzeado de sol. Eu até liguei pra minha mãe para contar, sou louca por ele desde a fase cabeludinho na novela Pátria Minha!

Ficamos lá alguns minutos babando, até que um amigo perguntou se tínhamos mesmo a certeza de que preferíamos perder o filme para ficar vendo o Rodrigo Santoro. E ainda fez a questão de comentar “ah, o cara nem é tão bonito assim”, coisa de quem gosta de botar defeito em homem bonito, só faltou dizer que ele é gay. Pelo menos não veio com aquela história “Hmmm, Rodrigo Santoro. Você sabe, né, que ele e o Selton Mello têm “aquele” problema...” Sacrilégio!

Depois disso, eu e a Fê respiramos fundo e fomos pro cinema. Eu, pelo menos, segui sorridente até o fim da noite. Aliás, tô sorridente até agora. Nada como um Rodrigão para alegrar a vida de uma mulher. Mesmo que só uma olhadela.


Com vocês, nosso novo amigo:





De-lí-cia!



Ah, o filme. É muito bom e o Heath realmente arrebenta. Não tinha como não pensar no desperdício de profissional e de homem gato por causa da morte dele...

Mas sobre o filme temos muito mais para falar e a gente conta no próximo post.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Frase do dia

Vamos viver tudo o que há pra viver, vamos nos permitir!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Ando tão à flor da pele, qualquer beijo de novela me faz chorar...

Estou em conflito comigo mesma. Meu coração tá apertado, tô tentando dar um ponto final em uma certa coisa e um turbilhão de outras me tiram o chão. Tô chorona, não me reconheço em alguns momentos e preciso me encontrar, para não virar um menina que só lamenta - porque eu não sou assim! Por isso, me sinto saudosista como nunca, com saudade até do que não vivi.

Nada melhor do que um texto para lembrar do passado, das minhas raízes, do que sou, tudo aquilo que não posso esquecer. Uma homenagem à todas as pessoas que eu amo, principalmente ao meu pai, já que o dia deles está chegando.



Velha infância
Eu cresci brincando com as minhas vizinhas gêmeas em São Paulo, a Dani e a Flá, e com os filhos dos caseiros das redondezas do sítio que a gente tinha em Boituva. Eu passava as férias brincando na terra vermelha.

Acho que naquele tempo as mães eram menos neuróticas, porque a minha me deixava até brincar comidinha com panela, comida e fogo de verdade. Era arroz, mingau, macarrão e, de vez em quando, alguma coisa inventada que não dava pra comer (se bem que poucas vezes dava), como receitas com uma pitada de grama e terra.

Com meu irmão, eu ia para cima e para baixo de bicicleta, passando por vários terrenos com eucaliptos bem altos, e só voltávamos no fim do dia. Em casa tinha a casinha do poço - onde ficava o poço, claro - e onde meu pai guardava todas as ferramentas dele. Meu irmão adorava me levar para passear no carrinho de mão do paizinho e cavar uns buracos bem fundos pelo terreno em que a gente adorava entrar. Ele também gostava de construir cabanas só para meninos; e me excluía, claro. Eram cabanas bem legais, não me lembro como ele construía o teto, a porta, a divisão dos cômodos, mas tinha tudo isso. E era só para meninos, porque o banheiro (sim, tinha banheiro) era um cano que ficava na altura do meio da coxa dele e dos amigos, e só quem conseguisse fazer xixi ali, em pé, podia brincar na cabana. Já dá para imaginar o que acontecia comigo.

No banheiro da nossa casa tinha uma banheira e eu costumava tomar banho brincando de boneca – meu boneco que tinha pinto e minha boneca preta. Mas os banhos eram dados, na maioria e mais divertida das vezes, lá fora, no quintal, quando minha mãe e minhas tias juntavam as crianças para dar banho de bacia em todo mundo de uma vez só.

Nesse mesmo quintal, quando eu devia ter uns quatro anos, estava brincado fingindo que a rodinha do meu carrinho de boneca era um guarda-chuva (?!) e eu tinha que atravessar a avenida movimentada, que era a varanda do quintal, onde meu irmão fingia que era um motociclista com a sua bicicleta. Foi quando a dondoca do guarda-chuva e o motoboy se chocaram em um acidente que causou um corte na minha testa, entre os olhos. Na hora, eu tive a certeza que o ferrinho do meu “guarda-chuva” tinha furado o meu crânio, chegando até o meio da minha cabeça, ou seja, do meu cérebro. Minha mãe me levou para o hospital e me lembro perfeitamente de ter ficado deitada em uma tábua de passar roupa (!) enquanto o médico me atendia. Eu tinha certeza de que os sete pontos que me fizeram herdar uma cicatriz (que eu adoro, por sinal) igual a do Harry Potter, eram na verdade pêlos como os da sobrancelha e que iam ficar ali para sempre.

Voltando ao sítio, é de lá que vem a boa sensação que eu sinto quando chove e sobe aquele cheiro de terra molhada. Quando chovia, em vez de correr para dentro de casa, corríamos para fora, para beber água da chuva, fazer bolinhos de terra e deixar a roupa bem “limpinha” para alguém lavar depois. Mas, é claro, tínhamos roupas especiais para aquelas férias.

E por falar em bolinhos de terra, eles muitas vezes eram assados no forno à lenha do meu pai, de onde também saiam pães e pizzas de-li-ci-o-sos que ele fazia para a gente. Em algumas noites íamos todos para a cidade jantar, ver os pára-quedistas que voltavam de seus saltos com aquelas roupas estranhas, e alugar uns filmes, principalmente de terror. Para mim, o clássico daquela época é “Eu sei quem você é, eu vi o que você fez”. Íamos para a cama morrendo de medo, perfeito. Em outras noites, íamos para algum boteco bem local, onde tocavam forrós engraçadíssimos. Meus pais tomavam uma cervejinha, comiam umas porções e conversavam com os amigos, moradores da região. A gente tomava tubaína e brincava lá fora.

Quando as férias acabavam e eu voltava para casa, para brincar com as minhas amigas gêmeas da casa ao lado, estava cheia de piolho. Então, antes de brincar com elas ou ir para a escola, era uma bela sessão de Kell na cabeça. Mas eu adorava. Era uma delícia deitar no colo da minha mãe e ela ficar fazendo uma massagenzinha gostosa com aquele shampoo fedido, para então pentear meu cabelo com um pente fino que vinha junto.

Depois de tudo isso, era voltar para a escola, voltar para a realidade da cidade grande, mas sempre sabendo que nas férias lá íamos nós de novo para Boituva.

Em 1992, mais ou menos, meus pais acharam que era hora de trocar o mato pela praia. Lembro de estar sentada na frente da porta, chorando e dizendo que não queria trocar aquela nossa casona por uma casinha. Na época eu tinha apenas nove anos e não entendi a lógica dos meus pais, mas hoje, quando lembro dos ótimos momentos que vivi em Itanhaém até os meus 18 anos, entendo perfeitamente. E, hoje, fica tudo isso na memória.