segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

“Os amantes vivem à beira do abismo”

No teatro, lembrou daquela conversa.

Ela ainda não sabia, mas era paixão o que começava a brotar dentro do peito. Um misto de curiosidade, vingança e interesse. Como ela nunca tinha olhado para aqueles olhos? O imã que abriga o proibido.

Como adolescentes, eles passaram 40 minutos no telefone numa noite de domingo. Até então, eram apenas e-mails cheios de pretextos. Ele tinha acabado de voltar da praia. Ela tinha acabado de se despedir das pessoas que deixavam sua casa.

Foi num impulso que ela disse. E explicou que tudo aquilo era como estar no alto de uma enorme cachoeira, olhando para baixo, tomando coragem para pular. Existia certo perigo, mas ela estava morrendo de vontade de se jogar.

Valia à pena se entregar ao medo, desistir e nunca saber como teria sido experimentar aquela sensação?

Ele disse que sentia o mesmo. Ela entendeu como exatamente o mesmo.

Dias depois, ela pulou. Sem saber o que buscava nem o que iria encontrar.


Preste atenção querida

De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás a beira do abismo
Abismo que cavaste com teus pés

2 comentários:

Unknown disse...

adorei.

Amanda, me jogando.

Uma Ju disse...

pular eh a melhor forma de averiguar, não?
e todo abismo nunca é infinito. há sempre uma mola que nos joga de volta aa beirada, de onde viemos.
:o)
peace!