terça-feira, 25 de agosto de 2009

Entendeu?

"É preciso esclarecer: se todo exotismo é um tipo de diferença, nem toda diferença é exótica; a diferença compara e relaciona, já o exotismo separa e isola; a diferença produz uma teoria política, o exotismo produz militância à parte da etnografia".
Do texto "Análise antropológica de rituais", de Mariza G.S. Peirano

Esse ano me propus a fazer pós-graduação uma vez por mês lá em Buenos Aires e estudar (e como!) antropologia. Sempre me interessei pelas ciências sociais e a possibilidade de estudar uma de suas áreas em outro país latino-americano me desafiou.

Para quem não sabe, e sempre me pergunta por que escolhi essa área, a antropologia tem a mesma base do jornalismo para mim. É uma ciência que estuda o homem e a humanidade em todas as suas dimensões; a relação do homem com o outro, seus hábitos, seus mitos, suas crenças, seus rituais, suas linguagens.

Acredito que a melhor maneira de se produzir uma boa reportagem é vivenciar aquilo que se pesquisa. Ir a campo MESMO. Na antropologia, isso é feito, assim como no jornalismo, a partir dos três conceitos básicos de olhar, escutar e escrever; e ainda com base na etnografia, metodologia de observação e análise de grupos humanos, na busca por relatar, com a maior fidelidade possível, a vida de cada um deles.

Tenho certeza de que vou entender e refletir sobre muita coisa interessante durante o curso. Como logo na primeira aula, em que aprendi sobre etnocentrismo, a maneira de ver o mundo a partir do conceito civilizacional de superior, ignorando as diferenças em relação aos povos tidos como inferiores. Ou seja, como se o que se sabe e se conhece, a cultura e os valores, fossem superiores e mais corretos do que de outras sociedades muitas vezes consideradas “exóticas”. É a tendência do ser humano de repudiar ou negar tudo que lhe é diferente. Preconceito puro e totalmente recorrente nos dias de hoje.
Antropojornalismo, no Observatório da Imprensa, em 2001.

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