quinta-feira, 29 de maio de 2008

Um homem em corpo de mulher

Minhas amigas dizem que eu sou um homem em corpo de mulher. Deve ser porque meu jeito de agir em relacionamentos é sempre contrário ao delas. Eu sempre passo pelas situações como os homens passam. Geralmente sou eu quem entro com o pé e o cara com a bunda. Sempre sou eu que “canso” deles primeiro, sou eu que saio como a – desculpem o termo – cuzona da história.

Tive 4 namorados durante esses meus 25 anos de vida, mas rolos, ficantes, pretês, etc tive tantos que até perdi a conta. Tirando uma meia dúzia deles, aos quais fui cegamente apaixonada, com os outros as coisas funcionaram basicamente da mesma maneira.

Primeiro eu conheço o cara, ou o vejo em algum lugar, ou é amigo de amigo, nunca um desconhecido - odeio ficar com desconhecidos. Daí vem o beijo. Hum aquele beijo bom, e aí é que começa! Fico alucinada, amo a pessoa já logo no primeiro dia, só falo nele, só penso nele, sou fofa, mando mensagens, adoro quando ele me manda mensagens primeiro, sou o ser humano mais legal do mundo! Sou carinhosa, falo com voz mansa, só quero sair com ele, viajar com ele, fazer as coisas que ele gosta, conhecer os amigos dele, a casa, saber que carro ele tem, sonhar os sonhos dele. Vivo em função da pessoa. O que faz os homens, não sei se todos, mas no meu caso a grande maioria, ficar apaixonado, perder a cabeça, achar que eu sou a mulher da vida dele. Opa, para tudo! É aí que a coisa desanda. Quando o cara começa a me dar atenção, a mostrar que eu sou tão importante pra ele quanto ele pra mim, me ligar toda hora, mandar mensagens fofas, falar com a voz mansa, me deixar dominar completamente a relação, me mimar demais, argh. Tudo vai por água abaixo. A sensação que eu tenho é que eu estava ouvindo uma música de psy, dançando, alucinada, e de repente vem alguém e desliga a tomada, fica o silêncio. Ou então um mar cheio de ondas iradas, 3 metros, e de repente a calmaria, flat, só aquelas ondinhas na beira da praia. Que eu estava olhando o arco-íris cheio de cores, e de repente fica tudo branco. Entendem? Provavelmente não, pois ninguém entende, nem mesmo eu. O sentimento some, se transforma num vazio, ou às vezes o sentimento inverte de uma tal maneira que nem vontade de olhar mais pro cara eu tenho. E isso é terrível! Que tipo de ser humano eu sou? A imagem que eu devo passar pra eles é da princesa que num passe de mágicas se transforma na bruxa má. Poxa será que é tão difícil pra eles perceberem que tem que ter atitudes de macho? Que por mais que as mulheres – feministas – tenham queimado sutiãs, nós fêmeas ainda precisamos daquele pulso firme, da voz grossa, e de comando quando necessário. Que por mias que passemos imagem de fortes, somos esses seres frágeis. E que somos livres e maduras pra conseguirmos viver sozinhas, não precisando de mais de um pai ao nosso lado. Queremos a liberdade de poder sair com as amigas, e fazer uma viagem da mulherada, mas também queremos aquele machismo, mesmo que seja só um pouquinho, e daquele autoritarismo masculino.

Hoje em dia já entro nos relacionamentos pensando no jeito menos catastrófico de acabar com eles. Que coisa terrível de se sentir. Cada dia mais, acho que vou acabar ficando uma tia solteirona, morando num loft lindo, super bem decorado, com uns dois cachorros, e montes de garrafas de vinho.

3 comentários:

Pedro Henrique Carvalho disse...

Sensacional, Fê! Adorei, entendi tudo, assino embaixo de cada palavra.

Bjos!

João Prado disse...

ahaha... como se come uma costela, fê. gostei.

com as garrafas de vinho eu ajudo.

beijos

Jéssica Bonson disse...

Francamente... Fale por você como mulher, e não como "nós mulheres", por eu discordo de uns 80% de tudo que falou. Autoritarismo masculino? Machismo? Não sei como ainda há mulheres que queiram isso de um homem.