quarta-feira, 11 de junho de 2008

Ter saudade no final da tarde II

No post anterior eu disse que um dos meus primos de Natal me convenceu a ir para Fernando de Noronha. Pois é, eu mal me planejei para ir a Natal, e ir a Noronha nem passou pela minha cabeça, já que esse sempre me pareceu um destino muito, mais muito caro. Mas meu primo me convenceu a pedir um orçamento e quando eu percebi que poderia recorrer ao cartão de crédito, foi só agir no impulso (como grande parte das coisas que faço na vida, sem arrependimentos futuros) e fechar o negócio. Eu fui pela agência Noronha Brasil. Depois de Natal, Pipa e São Miguel do Gostoso, arrumei minha mala com um baita sorrisão no rosto e fui para o aeroporto.

O esquema é ir para Noronha de coração aberto. Você paga caro e recebe por isso muita simplicidade, mas também muita beleza natural. A ilha tem a menor BR do Brasil, com 7,5km e muitas ruas e estradinhas de terra. Nela corre uma linha de ônibus que vai do Porto de Santo Antônio até a Baía do Sueste. Poucos guias falam inglês, mesmo grande parte dos turistas sendo de estrangeiros. No entanto, o povo é extremamente hospedeiro. A maioria das pousadas lá é da classe “turística” e são domiciliares. Mas há também pousadas “executivas” e “VIP”, como a Pousada Maravilha, do Luciano Huck, que custa cerca de R$1.800 a diária e tem uma vista incrível para a Baía do Sueste. Eu fiquei em uma domiciliar, claro, a Pousada Lenda das Águas, que apesar de simples, é super aconchegante e eu adorei os donos, Eugênio e Maria José – tão fofos que em uma noite ofereceram um jantar aos hospedes!
Posso dizer que chegar em Noronha e ver o Morro Dois Irmãos foi como chegar em Paris e ver a Torre Eiffel. É tudo muito lindo! Eu juro que ficava agradecendo a cada paisagem nova. A minha vontade era ter levado todos os meus amigos mais queridos para verem e viverem tudo aquilo comigo, principalmente aqueles que eu sei que amam estar na praia!

Eu fiquei quatro dias, mas acredito que cinco dias em Noronha é o ideal. Conte meio dia na chegada e meio na volta. Com isso, terá três dias cheios e duas metades. Se você fechar um pacote como o meu, com Caminhada Histórica, Ilha Tour e Passeio de Barco inclusos, minha dica é:

1º Dia – Fazer a caminhada histórica. Dá para fazer esse passeio em meio dia e você conhece o Forte e a Vila dos Remédios (a principal da ilha) e as praias do Cachorro e do Meio. Achei legal fazer no primeiro dia para ter uma noção de onde você está. Eu dei muita sorte, pois bem nesse dia o Projeto Tamar tinha programado uma abertura de ninho de tartarugas marinhas. Normalmente o Tamar apenas monitora as tartaruguinhas saindo do ninho, o que ocorre de noite. Mas, para sensibilizar a população e os turistas, eles programam algumas aberturas públicas; isso acontece durante o pôr-do-Sol, já que elas seguem a luz mais forte para se guiarem ao mar. É lindo e vale a pena se informar sobre as datas na sede do Projeto Tamar.
2º Dia – Fazer o Ilha Tour. Esse é um passeio de jipe 4X4 que passa por quase todas as praias da ilha e mirantes, e dura umas 10 horas. 70% do tempo você passa em trilhas. Leve seu equipamento de mergulho, snorkel e cia, porque se a visibilidade for boa (o que é quase certo, a não ser em casos raríssimos como o meu, já que fui em época de chuva) você poderá mergulhar. Peloamordedeus, desça a escada para a Praia do Sancho. É sinistra, no meio de uma fenda nas pedras, quando chove tem uma cachoeirinha por lá e dá medo, mas não tem desculpa, é sensacional. Já na praia, tome um banho na cachoeira escondida no canto direito. E tire muitas fotos, porque não é à toa que essa é considerada uma das praias mais bonitas do Brasil, senão a mais bonita! 3º Dia – Fazer o passeio de barco. É um passeio por todo mar de dentro, desde a Ilha de Rata até a Ponta da Sapata. O barco passa por lugares lindos, inclusive a Baía dos Golfinhos. Dá para tirar muita foto bacana. A parada para mergulho normalmente acontece na Baía do Sancho – nade até o canto direito ou o esquerdo, onde tem bastante coral e muita vida marinha. Eu dei sorte e fiquei amiga do Osmar, o cara que cuidava do barco. Depois que todo mundo desceu, ele me levou até o naufrágio que fica bem pertinho do Porto de Santo Antônio, de onde saem os passeios. Ficamos 1h30 mergulhando por lá e eu vi tartarugas marinhas, arraias, moreias, muitos peixes e o naufrágio, claro. Mesmo se você não ficar amigo do barqueiro, vá até o porto e mergulhe por lá, vale a pena. Eu não fiz, mas uma outra dica para esse dia é madrugar e antes do passeio de barco, fazer o passeio para ver o sol nascer do mirante dos golfinhos e ver esses animais fofíssimos chegando à baía. Aliás, eu não vi golfinho, mas não sou referência, porque eu NUNCA vi golfinho na vida, e olha que eu já morei na Austrália, viajei muito nessa vida e já vi até baleia. É pé frio mesmo.
4º Dia – Não é permitido mergulhar com tubo de ar no mesmo dia em que você pega o avião, ou seja, esse é um bom dia para o programa. Eu não mergulhei por causa do meu ouvido, mas dizem que é imperdível. Eu conheci um instrutor de mergulho que disse que a empresa Atlantis é a maior e mais bem equipada da ilha. De qualquer maneira, o mergulho simples normalmente dura meia hora, umas duas horas o passeio todo. Então, a dica é se programar para fazer mais alguma coisa durante o dia. Você pode fazer um passeio à cavalo ou de caiaque, alugar uma bicicleta, escolher alguma trilha bacana ou alugar um buggy. Como disse, Noronha tem a menor BR do Brasil, com 7,5km, que vai do Porto de Santo Antônio até a Baía do Sueste. Dela saem estradinhas de terra que levam às praias ou até o início de trilhas para as praias. A ilha é muito bem sinalizada e segura.
5º Dia – Dos passeios interessantes feitos pelas agências, sobrou o plana-sub, em que uma prancha é puxada por um barco deslizando pelo mar. É uma hora embaixo d'água e dizem que você vê muita coisa. Eu não fiz esse passeio, pois optei em ir para a Praia da Atalaia, já que no dia do meu Ilha Tour choveu. Atalaia é uma praia linda, que tem uma piscina natural que serve como berçário para os animais marinhos. Por dia, são permitidas 100 pessoas em quatro grupos de 25 que ficam lá por meia hora. A praia abre de manhã, por isso na noite anterior fique esperto ao horário que é passado no noticiário local, o Jornal da Ilha, da Globo. Sabendo o horário, chegue lá uma hora antes. O acesso é pela Baía do Sueste. Prepare-se: a vista na chegada é simplesmente estonteante. Eu fiquei sem palavras... Bom, depois aproveite as horas restantes e volte à praia que mais gostou, de buggy ou a pé. Eu fui para a Cacimba do Padre e fiz a trilha para a Baía dos Porcos e de lá para a Praia do Sancho (essa é proibida, mas tem acesso à la jeitinho brasileiro e é tranqüila).
Noite – Todas as noites acontece na sede do Projeto Tamar uma palestra sobre a biodiversidade da ilha. É de graça e muito interessante, já que Noronha é uma reserva, tem vasta área de preservação ambiental, fauna e flora riquíssimas e muita história. As palestras acontecem às 21h e têm duração de 1 hora. O esquema em Noronha é acordar cedo e aproveitar o dia, mas para quem quer curtir uma baladinha, quase todo dia rola forró no Bar do Cachorro. Mas, segundo os nativos, quinta-feira e sábado são as melhores noites de Noronha, pois tem reggae na pizzaria. Tudo isso na Vila dos Remédios. Como eu já disse, a ilha é super segura e dá para caminhar tranquilamente de noite. Entre as vilas Floresta Nova e Floresta Velha tem uma praça muito bonita, que fica iluminada de noite. Vale dar uma passadinha por lá.

Para comer – A ilha tem um monte de restaurante, desde self-serve por quilo até outros caríssimos. A minha dica é fazer umas comprinhas no continente e levar na mala alguns itens básicos, como água, bolachas e lariquinhas. Eu levei também alguns cupnuddles, que quebram o galho se você estiver com pouco dinheiro – o que era o meu caso. Tem alguns mercadinhos na ilha, mas as coisas são bem mais caras do que no continente, mas quebra um galho. Na vila Floresta Nova tem um distribuidor de bebida e dá para comprar uma latinha de cerveja por um preço bem mais acessível do que no mercado. Quando fui, paguei 3 latas de Skol geladas por R$5,00.

Grana – É muito relativo definir um valor por dia, porque depende de quanto você está disposto a gastar. Eu estava sem grana e no meu pacote, já estava incluso passagem, hospedagem e os três passeios. E eu levei na mala algumas coisas para comer. Então, meus gastos foram basicamente entre almoço no restaurante por quilo, presentinhos bem dos simples, umas cervejinhas, o aluguel do equipamento de mergulho e o buggy, que dividi com amigos. Além da taxa de preservação ambiental por cada noite de estadia, que quando fui, era R$ 34,40. No total, em quatro dias, gastei menos de R$ 250, sendo BEM econômica e não fazendo nenhum passeio extra.

*Se você não tiver o equipamento de mergulho (snorkel, máscara e nadadeira), você poderá alugar na ilha. Custa entre R$ 10 e R$ 15 por dia. Pechinche!!!

*Não esqueça de fazer um kit primeiro-socorros, porque em Noronha só há um pronto-socorro simples. Remedinhos básicos nesse kit, mas vale lembrar de colocar um Afrin para o nariz, um colírio, remédio para dor de cabeça, para dor de barriga, para febre e um engov, porque nada pior do que acordar de ressaca em Noronha.

*Pesquisando bem dá para fechar um pacote com preço bom. Além disso, tem coisas que só o cartão de crédito pode fazer por você. Por isso, faça as contas, dê uma boa parcelada e vá, sem medo de ser feliz. Se você preferir fechar os passeios na ilha, negocie, porque dá para chegar a um bom preço.

*O único banco da ilha é o Banco Real, mas tem serviço 24horas.
*Quem tem celular TIM pode ficar sossegado que a empresa tem uma antena lá e o sinal é sempre muito bom.
*De Novembro a Março é época de seca e de ondas. De Abril a Julho chove, mas é quando a ilha fica mais verde. De agosto a outubro não chove mais, mas o verde ainda está lá e as águas estão mais claras.
Minhas dicas
- Converse muito, principalmente com os nativos, e faça amigos.
- Assista ao pôr-do-sol do Forte de São Pedro, entre as praias do Americano e Boldró.
- Peça carona, sem medo.
- Desça o Sancho.
- Durma cedo para acordar cedo, mas curta pelo menos uma noitada.
- Vá às palestras do Ibama e Projeto Tamar.
- Contemple a Baía dos Porcos, a Praia da Atalaia, a cachoeira do Sancho e o Morro Dois Irmãos. Foi o que eu mais amei.
- Mergulhe, seja de snorkel, seja de equipamento.
- Se você for entre abril e julho, época de chuva, leve um tênis e pise na lama.

2 comentários:

Stella Barbosa disse...

que liiinda *.*

Pedro Henrique Carvalho disse...

Gabi, filhinha, o roteiro certo é:

1o dia: Surfe na Cacimba do Padre.
2o dia: Surfe na Cacimba do Padre.
3o dia: Surfe na Cacimba do Padre.
4o dia: Surfe na Cacimba do Padre.
5o dia: Surfe na Cacimba do Padre.

Pô...

(rs... Não, sério, tá ótimo! Bjo!)